sábado, 9 de outubro de 2010

Tão Seco - Apenas uma forma diferente de escrever...

Tão seco quanto o adeus da mãe do retirante que se retira pra ir viver desgraça noutro lugar;

Tão seco quanto o solo de sua roça que virou só pó pro mundo empoeirá;

Tão seco quanto o terreiro de seu barraco que num tem água no mundo que consiga barrufá;

Tão seco quanto o corpo do menino que não come tem sete dia, pois acabou a tapioca e o fubá;

Tão seco quanto o espim do xique-xique que pra não morrer pisado aprendeu a espinhá;

Tão seco quanto os zóio da menina que de tanto apanha da vida não consegue mais chorá;

Tão seco quanto o jaleco do vaqueiro que num tem ispim de quiabento que consiga lhe ralá;

Tão seco quanto o mato da caatinga que uma fanisca de fogo pode o mundo clariá;

Tão seco quanto o golpe de foice da véia morte, do qual ninguém há de iscapá

Tão seco quanto a fé da minha gente de que um dia tudo há de miorá;

Tão seco quanto o grito do sertanejo, o canto do sabiá.

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