terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ping Pong - Léo Bell cantor Tricolor


Leonardo Sampaio, 35 anos, cirurgião-dentista há 10 anos, especialista em Odontologia do Trabalho pela São Leopoldo Mandic - Campinas e Mestrando em Saúde Ambiente e Trabalho pela Faculdade de Medicina da UFBA. Oficial da Reserva, segundo Tenente de Infantaria. Até o início do ano estava como Professor Substituto da Faculdade de Medicina da UFBA e torcedor do Bahia, conhecido como Léo Bell.

Como surgiu idéia de cantar as musicas relacionada ao E.C.Bahia?

LS - O Leonardo é uma pessoa com vida estruturada e o Léo Bell é um personagem criado por mim e apelidado pelo meu cunhado, o Leonardo e o Léo Bell são bem distintos. Na verdade, eu já fazia um cover do chiclete, pois a voz lembra longe assim... a de Bell e sei fazer a batida na guitarra bem próxima a do chiclete. Para isso utilizo apenas uma guitarra e um teclado com ritmos programados por mim e pelo tecladista. Já tinha tocado no carnaval de Salvador por 3 dias (dois na avenida e um na Barra) fazendo esse tipo de som. Só que o Bell não curte esse negócio de imitação. Daí, percebi que há muito tempo não surgiam pessoas cantando o Bahia e resolvi gravar versões e músicas antigas do Bahia que as pessoas mandam pra mim, através da internet, numa pegada chicleteira. A coisa tomou uma proporção que, realmente, está incontrolável, devido também a boa campanha do clube neste ano.

Como você se sente com esse reconhecimento da torcida?

LS - Olha, sinceramente, eu não o fiz para alcançar reconhecimento. Só achava que alguém tinha que voltar a gravar o Bahia, esse Gigante. Mas, como falei, a repercussão é tamanha que não tem como não ter alegria em ouvir a massa cantando o que você gravou, as malas dos carros tocando as músicas, o pessoal enchendo a caixa de email do Bahia para pedir a minha presença. Vejo que estou fazendo a diferença para meu clube. O Bahia faz parte da minha história e, neste momento, poder marcar a história do Bahia, pode ter certeza, é o maior reconhecimento que um mortal poderia ter.

Qual o motivo que levou você a torcer pelo Bahia?

LS - Descobrir aos quase 5 anos o sentido da felicidade. O Bahia me faz feliz.

Você já fez alguma loucura pelo seu time?

LS -Várias!!!! Roubei a chave do carro de meu pai fim-de-semana pra estacionar no dique e depois chegou a multa, já terminei namoro por causa do Bahia, já deixei de comemorar data de aniversário de casamento e aniversário da patroa por causa de jogo do Bahia. Já abandonei posto de guarda no exército pra ver o gol de Raudinei e posso garantir: tudo isso valeu a pena!

O que faz você manter esse sentimento pelo time?

LS - O sentimento se eterniza, renova-se, exterioriza-se, e volta a ser o de sempre. Não é preciso muito esforço para ser Bahia.

Qual foi sua experiência mais marcante como torcedor?

LS - O título de 88. Eu vivi aquele título porque tive uma rápida passagem pelas categorias de base na época. O clube respirava isso. É indescritível, não tem palavras. Lembrar é reviver tudo e não dá para conter as lágrimas...Somos Campeões Brasileiros e um campeão sempre é vencedor.

Qual o futuro que você vê para seu clube?

LS - Vejo um futuro promissor e principalmente de transformação do clube. Acho que o momento é de nos unirmos para, cada um, dar o melhor para o Bahia. O Bahia começou a se adaptar ao novo mercado da bola e os erros do passado, acredito, ficaram no passado. Com os novos projetos e com uma nova ideologia de trabalho vamos “assombrar” o Brasil e o mundo com um novo modelo de gestão. Acho que não é necessário mudar as pessoas, mas sim os valores, a postura e o modelo de gestão. Temos que desenvolver as potencialidades de cada setor (torcida tem que mudar para estilo apoiador e não mais agressivo, o marketing tem que se adaptar, a diretoria tem que se empenhar cada vez mais, enfim desenvolver em cada setor do Bahia as potencialidades). Quando todos esses fatores estiverem em congruência, ninguém nos vencerá em vibração, e, mais ainda não nos vencerá em nada, pois não adianta ser bom só em vibração, tem que ser bom em todos os setores.

Como você pode definir sua paixão pelo time / O que o seu time representa em sua vida?

LS - O Bahia é a nossa identidade.

Já teve algum conflito com a família ou amigos por causa do time?

LS - Só em gozações, coisas desse tipo. O conflito era quando a mesada acabava e eu queria ir pro jogo...aí tinha que passar por debaixo da catraca, era o jeito.

Com quantos anos ganhou a primeira camisa do time e quem te deu?

LS - Com 5 anos, eu pedi como presente de aniversário. E tinha que ser a tricolor!

Como foi a primeira vez que assistiu uma partida no estádio?e qual foi a partida? Quem te levava ao estádio?

LS - Lembro da primeira vez na Fonte Nova. Foi no Bavi do gol de Fito. No momento do gol a lágrima desceu..., eu estava na torcida mista com meu pai e aquele momento foi marcante, meu pai ficou preocupado pensando que eu estava com medo, mas na verdade eu tinha acabado de descobrir a felicidade. Daí em diante a gente já sabe o resto da história.

O que você tem a falar da Fonte Nova e qual a falta que ela representa para torcida tricolor? Você considera o Pituaçu um caldeirão?E qual a sua expectativa sobre a Arena Fonte Nova?

LS - Faz isso com o coração não, meu filho...a Fonte é a nossa menina...mesmo digitando, não tem como conter as lágrimas, dói, é de apertar o peito essa saudade. O Bahia e a Fonte é como uma mãe abraçando um filho, é uma combinação perfeita. Pituaçu é um Caldeirão, mas nunca é a mesma coisa. Estou esperando a nova arena Fonte Nova. Aquele lugar é mágico, transcende qualquer comentário.

Você acha que a torcida tricolor é o que o Bahia tem de mais importante?Qual a relação que você tem com a torcida?

LS - Sim. É o patrimônio do clube, todos sabemos. Sou membro, associado, com anuidade em dia de torcida organizada, a BAMOR, mas sou de uma filosofia que pensa totalmente diferente. Acho que temos que partir para uma transformação apoiadora, e deixar de lado de uma vez por todas qualquer menção de violência. Sou do movimento de que NENHUMA CAMISA VALE MAIS DO QUE A VIDA. A torcida é patrimônio do clube assim como a vida é patrimônio das pessoas

Por que se identifica com o clube?

LS - Porque o Bahia representa a baianidade, a alegria dessa terra. É impressionante, mas o torcedor do Bahia não vai pra jogo, vai para a festa. E baiano trabalha, batalha e não joga a toalha e no final tem que ter o quê? Festa. E o Bahia é o quê? O Bahia é festa!

Tem algum objeto em especial que te faça lembrar do time?

LS - Eu tenho guardada a camisa de meu pai de 1979. Visto ela só em Bavis ou jogos especiais. O quadro com o time de 88 também é de se admirar.

Tem alguma superstição, algum ritual para atrair a sorte para o time?

LS - Só essa camisa de 79, que pelas estatísticas o Bahia ganha, acredite: em 79% das vezes. Mas só visto em jogo de importância. Tanto é que quando meus amigos me avistam com ela (a costura é tão original que está rasgada embaixo do braço e não deixo fazer remendos), eles já sabem hoje é brocança!

O que seu clube tem de melhor e de pior?

LS - A representatividade, a espontaneidade, a alegria, quem ama dificilmente vê defeitos.

Como você se sente usando as cores Azul, vermelho e branco?

LS - Sinto muita alegria. São cores vibrantes e me sinto um legítimo representante da Bahia. Não é uma camisa, é a nossa pele.

O que você acha da torcida do e.c.bahia? Qual a identificação e relação que ele tem com a torcida tricolor?

LS - Somos loucos, não restam dúvidas. Uma torcida linda, em todos os sentidos. Somos a expressão do que há de melhor para um clube. Torcedor é aquele que mais comparece aos estádios. Se diz ser torcedor e não vai comparece, é só simpatizante. Torcida meu irmão é a do Bahia. Tenho uma relação de amor incondicional, de irmandade.

O que você acha da violência nos estádios, principalmente por parte das torcidas organizadas?

LS - Eu já tinha citado isso antes e posso garantir que ou muda a forma de torcer quebrando paradigmas ou teremos clássicos de uma torcida só. Temos que enxergar a possibilidade de ver no outro um ser humano sim, com suas diferenças e opiniões clubísticas, e não como um inimigo no front de batalha. E isso é para todas as organizadas, que na verdade são, apenas, uniformizadas.

Para finalizar qual a musica do tricolor que mais gosta de cantar e o que você acha do hino do esquadrão de aço?

LS - A música...nosso hino, claro! Uma composição do Adroaldo que supera qualquer Mozart ou Bethovenzinho. Realmente pode tocar quantas vezes quiser que sempre é bom de ouvir.

Endereço do blog de Léo Bell:
http://leobell.blogspot.com/

Luiz Fernando Gomes de Souza


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